segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Ética instintiva e a violência


Cada ser humano desenvolve ao longo da vida critérios pessoais e escolhe paradigmas de comportamento que em seu conjunto formam um padrão ético singular, único; sempre lembrando que não existem duas pessoas iguais após alguns anos de vida. Tudo o que acontece é base de ajustes e até de mudanças radicais.
Estamos acompanhando (mais uma vez) um período de radicalização de ideologias, religiões, códigos secretos, discretos e públicos que levam inúmeros jovens a atitudes extremas. Com imenso pesar sentimos que as pessoas mais velhas se protegem, mas estimulam e aplaudem comportamentos que estão de acordo com suas convicções e conveniências (principalmente).
Tivemos no século 20 cenários que foram de um extremo a outro, uma prateleira de experiências dramáticas. Em algum momento desses tempos ganhamos até a impressão de que a Humanidade evoluía muito, principalmente em torno da serenidade e tolerância, inclusive em relação àqueles que se mostram extremistas.
Agora, que frustração os noticiários criam diariamente para quem, já idoso, se lembra das fantasias e sonhos de muitas décadas passadas.
Naturalmente nações inteiras são obrigadas a se defenderem de grupos de pessoas que decidem destruir tudo o que contraria suas crenças; o que é fundamental, contudo, é não radicalizar, pior ainda, instigar e motivar violências genéricas. Para quê? Para provar utopias induzindo qualificações que colocam muito mais gente com o carimbo de terroristas e coisas semelhantes?
Imaginamos que vivemos com democracia, por exemplo, desprezando o poder de grupos organizados que mandam e desmandam em nossas vidas, alguém duvida? Ou seja, nossas ilusões criam miragens...
Em relação a povos dominados por fanáticos precisamos de inteligência e competência para não alimentarmos crenças violentas e a indústria e comércio da guerra, os interesses petroleiros, a exportação de ódios e sofrimentos, enfim, a cultura da violência, que tanto dinheiro dá a certos cineastas e artistas, além de, evidentemente, fama para políticos e medalhas para os mortos. É bom não esquecer que conveniências dinásticas e tribais, e a partir do século 19 o nacionalismo radical, a xenofobia, o racismo e as ideologias políticas sempre mataram mais do que as religiões. Se alguém duvida vale a pena conhecer em detalhes a letra dos hinos nacionais de países que se dizem modelo de civilização.
Criamos códigos de ética formais e nas empresas, família, escolas, filmes, livros etc. poderemos estudar e decorar autênticos catecismos, mas a dúvida também precisa ser estimulada. A vacina contra o radicalismo é compreender que simplesmente somos insignificantes e incapazes de fazer certas afirmações.
A dúvida abre o coração e estimula o amor ao próximo, pois com muito mais facilidade conversaremos, teremos amigos e amigas. Humildade, disposição para o diálogo e determinação para aprender e educar para a liberdade deveriam ser nossa missão em relação a todos que se dispõem a ler e ouvir nossas visões éticas e culturais (atenção, estamos colocando nossas convicções...).
Pesquisar, ouvir e ver com certa malícia reportagens e notícias dão maturidade. É ingenuidade acreditar sem questionar e imaginar o que realmente move lideranças que em atos solenes, por exemplo, dizem que devemos salvar o mundo. Principalmente em atos que dependem de aceitação pública é fácil perceber o radicalismo até de pessoas que se dizem a favor da liberdade, fraternidade e igualdade. Políticos, por exemplo, sabem que vencer campeonatos ou guerras redimem a popularidade perdida pela incompetência. Lideranças civis e militares em geral não são diferentes, a “lavagem cerebral” e apelos a sentimentos que Freud e Jung explicaram tão bem é rotina.
E nós?
Precisamos viver com muito cuidado, escolhendo caminhos e referências de valor. Nesses tempos de redes sociais, portais, internet, sistemas de comunicação instantânea e mais e mais excelentes escritores, sociólogos, filósofos, cineastas, psicólogos e especialistas em tudo que pudermos imaginar aprender é infinitamente mais fácil onde a liberdade existe, se compararmos a cenários de algumas décadas passadas.
Podemos e devemos construir nossos códigos de ética sim, sem ingenuamente aceitar passivamente padrões e modelos externos.
Cascaes

17.01.2015

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Karnal | O medo à liberdade e a alma humana





Publicado em 8 de out de 2015
Café Filosófico "O medo à liberdade e a alma humana – dos ditadores à autoajuda", com Leandro Karnal.

A ditadura Czarista foi substituída pela Stalinista. a opressão do imperador chinês foi trocada pelo controle de Mao. As democracias ocidentais gravam, filmam, rastreiam e guardam mais documentos dos indivíduos do que sonharam todos os fascismos. Há deleite coletivo em dar pistas e rastros nas redes sobre tudo que fazemos. Os grandes sistemas religiosos deram lugar a dicas de autoajuda, controle alimentar e receitas de sucesso. A teologia clássica cedeu espaço ao empreendedorismo. O que há de errado na liberdade? Qual o mistério de “ser livre” que todos falam mas quase ninguém busca?

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